segunda-feira, julho 31, 2006

Stars of Track and Field: quase hipnóticos

Uma tendência crescente no "novo rock" é acrescentar batidas digitais nas músicas. Claro que isso não é novidade, é só lembrar que nos anos 80 era difícil encontrar bandas sem aquela batidinha típica da década, proporcionada por uma bateria elétrica. Hoje em dia, as batidas digitais são bem diferentes, principalmente se tocarmos no quesito qualidade. Bandas e mais bandas aparecem no cenário indie dos EUA e estão se saindo bem, obrigado. Ghostland Observatory e The Fever são gratas surpresas que podem ser citadas aqui (não deixe de procurar essas duas bandas).

O Stars of Track and Field (não é a música do Belle and Sebastian que leva o mesmo nome) está entre essas bandas que surgiram nessa década que seguem essa tendência e apresentam um som despojado e repleto de influências que vêm do post-punk, new wave e vai até o Radiohead. Acredite, as batidas digitais dançam uma valsa fodida com a guitarra, formando uma atmosfera densa, formando um rock sólido, embora seja interrompido com trechos de vocal suave acompanhado de piano, como podemos notar na música With You. Se você ouvir Say Hello e fechar os olhos durante introdução que termina com a guitarra dando uma "sapatada na sua nuca", você vai notar a musicalidade aflorando em todos os canais possíveis. Os solos durante essa música são nostálgicos, o desempenho do vocal, o tempero que as batidas digitais dão, poxa, te fazem pensar: onde essa banda estava que eu não encontrei antes? O som deles também se mostra muito maduro durante canções mais calmas, como é o caso de Let Ken Green, quando os instrumentos e vocal suave, criam uma harmonia poucas vezes vista, quase hipnótica. Foreign Snow tem um desfile de som com a guitarra acústicas e vozes em perfeita sinfonia. É som para poucos.

Esses caras de Portland (Oregon, EUA) lançaram seu primeiro EP chamado "You Came Here for Sunset Last Year" e chamou a atenção da mídia especializada lá na América. Rádios independentes tocavam o som deles e divulgavam shows que não paravam de ser marcados (e como de costume, eu os achei na KEXP, rádio de Seattle). Você pode ver que a agenda dos caras está lotada, no MySpace. Eles contaram com bons produtores para essa EP, como Tony Lash (já produziu Dandy Warhols e Elliot Smith) e Jeff Saltzman (que já produziu o ex-pavement Stephen Malkmus), ou seja, trabalho sério e que deu frutos. E o maior fruto de todos é o primeiro álbum deles, o "Centuries Before Love and War" que contém algumas faixas do EP como Arithmatik, Say Hello e With You. Mas contém inéditas como Movies of Antartica, Century e Real Time (essas três você pode ouvir na íntegra lá no My Space deles). São canções que não fogem à linha do EP, complexas (no bom sentido) em suas composições sonoras e vocal intocável. Note algumas distorções de guitarra na faixa Century, nada mal, hein?

É legal ouvir os sons no MySpace, porém estou disponibilizando o EP deles. Vale a pena baixar e guardar. No MySpace só o a música With You pode ser baixada. (Você vai precisar do programa WinRar, uma espécie de WinZip)
http://rapidshare.de/files/27673697/Stars_of_Track_and_Field.rar.html

My Space:
http://www.myspace.com/starsoftrackandfield

domingo, julho 30, 2006

Mates of State: experimentalismo ao extremo

Pra quem não sabe nada sobre os aspectos técnicos da banda Mates of State, esse grupo é mais uma no cenário do rock alternativo. Guitarras, baixo, bateria, quem sabe um tecladinho e um vocalista. Mas aí que mora o erro. Esta banda, ou melhor, essa dupla, é composta por uma tecladista-vocalista e um baterista-vocalista. Formados em 1997 em Lawrence, no estado de Kansas, EUA, esses dois músicos já passaram de "promessa" pra "realização". Capazes de enganar ouvidos distraídos, Kori Gardner (tecladista e vocalista) e Jason Hammel (baterista e vocalista) ambos tocavam guitarra antes de formar a banda.

É incrível como os dois, encontram harmonia perfeita não só nos instrumentos, como nas vozes também. Um som, como eu havia dito, experimental é bem diferente de tudo que você já ouviu. Às vezes você pensa estar ouvindo algum som do Belle and Sebastian, de repente acha que está ouvindo algo do Spoon, mas definitivamente não há nada igual ao Mates of State. É claro que não estou dizendo que eles são incomparávies, geniais, usando adjetivos "lucioribeirinos"(se é que vocês me entendem), mas que essa banda tem tudo pra te impressionar, ah, ela tem!

Eles lançaram nesse ano de 2006 o álbum Bring it Back, o quarto da carreira deles, que sucede os três anteriores: My Solo Project (2000), Our Constant Concern (2002) e Team Boo (2003). Se eu pudesse recomendar algum álbum, recomendaria o Team Boo. Foi o que mais me marcou e ele serve como referência para notar evoluções nesse último disco. Os dois primeiros seguem uma linha mais tímida, típico de primeiros trabalhos. Team Boo já mostra uma confiança maior da dupla em seu trabalho. E o Bring it Back só coroa a banda com criatividade e vitalidade, em todas as músicas. Poderia indicar nesse último disco as músicas Think Long, Fraud in the 80s, Beautiful Dreamer e For the Actor, destaque pra essa última, com bateria cheia de energia e o teclado jorrando notas em sequência, sem parar.

Os caras experimentam e estão se saindo bem. E vocês? Que tal experimentar Mates of State?

MySpace:
http://www.myspace.com/matesofstate

Abaixo, um clipe da música Fraud in the 80s... vocês irão viajar com esse clipe!

sexta-feira, julho 28, 2006

Crystal Skulls - Ouça e relaxe

Se eu fosse perguntar pra um "pseudo-indie" daqueles bem "pseudo-intelectual" o que ele acha do Crystal Skulls ele me diria: "aff, isso é tão 2005!". Sim, isso vive acontecendo comigo, acreditem! Sim, o Crystal Skulls apareceu em cena no ano de 2005, lá na fantástica Seattle, berço de muito som fodido. E foi ouvindo a KEXP, rádio de Seattle, que descobri essa banda que soa limpa e relaxante. Aliás, já que toquei no assunto, eu acho que todos deveriam cultivar o hábito de ouvir rádios gringas... lá no Windows Media Player, na parte de rádio, você busca por indie rock e ele vai te listar uma pancada de rádios legais de todos os lugares do mundo. Pelo menos você fica antenado em sons novos. Mas voltando ao som dos caras, eles fazem um pop com distorção livre, e pra ser honesto, é foda você puxar uma influência dos caras, talvez ao captar o baixo nas músicas, você pense nos flashbacks dos anos 70, aquele "groovezinho", aquele povo todo dançando de calça boca de sino... puta merda... hahahaha! Você ouve na guitarra muito do blues, estilo delta e pode comparar o som deles ao som do The Shins, sim, se você curte Shins, com certeza gostará do CS. Christian Wargo assimila a leveza do som em seu vocal, leveza essa que anda de mãos dadas com as letras da banda, que geralmente falam de mulheres, sejam as mulheres deles ou mulheres de uma cidade cheia de fantasia (Away from Home), mas geralmente eles investem sua criatividade nas relações cotidianas entre homens e mulheres. Confesso que não é o meu tema predileto, mas puta merda, o som dos caras é legal! Estou disponibilizando para download o primeiro disco dos caras, o Blocked Numbers de 2005. Fiquem atentos às faixas Airport Motels, Hussy, Weak Spot e Hard Party. Pra informá-los, eles já lançaram novo álbum em 2006, chama-se Outgoing Behavior, que saiu pela gravadora Suicidal Squeeze. Se quiser ouvir alguns sons desse novo disco, visite a página deles no MySpace, eles disponibilizam 3 músicas lá.

Baixe o disco Blocked Numbers (você precisa do programa WinRar - tipo WinZip)
http://rapidshare.de/files/27335222/Crystal_Skulls.rar.html


Site do Crystal Skulls:
http://www.crystallskulsonline.com
MySpace:
http://www.myspace.com/crystalskulls

quinta-feira, julho 27, 2006

Jawles - estamos em 90?


Eu estava fuçando pelo orkut, você sabe, comunidade disso, comunidade daquilo. Ao mesmo tempo lia uma resenha do Arctic Monkeys no site da Trama e pensei: "caralho, será que estou na comunidade do Arctic Monkeys?". Fui verificar e confirmei: estava lá. Dei uma olhadinha num dos tópicos e um tal de Felipe pediu críticas para sua banda. Eu, curioso como sou, acessei o link e cá estou ouvindo as músicas. Pela segunda vez estou ouvindo a sequência de músicas.

O som deles. Sim, o som deles é INEGÁVELMENTE grunge dos anos 90. Você ouve a disposição dos instrumentos dentro da música, e pensa: é música inédita do Nirvana? Acredito que se o Kurt Cobain falasse português como sua língua nativa, com certeza soaria igual ao José Roberto que assume, com personalidade, o vocal da banda. A bateria simples e descomplicada de Hashena, é algo como o Charlie Watts dos Stones. E esse é o caminho do verdadeiro rock, à medida que você mistifica um som, ele repele o público e você sabe: público quer curtir rock, aquele rock que não delonga algo que pode ser executado com simplicidade sem perder a empolgação. A guitarra de Rodrigo é o resumo do grunge dos anos 90, algumas distorções bem fodas e som muito consciente. O baixo bem sincronizado, acompanha a bateria perfeitamente, como um bêbado acompanha uma inocente dama pelas ruas dessa vida louca, com seu papo de fracassado e seu bafo de canavial.

Sim, senhor! O Jawles é um grande achado em meio à tanta banda maluca do Trama Virtual. Experimente ouvir o som deles e ao mesmo tempo fechar os olhos e lembrar da época que você conheceu o rock nos anos 90, isso mesmo, Mudhoney, Nirvana, ALice in Chains... bem louco, hahaha. Mas com certeza posso avaliar positivamente o som dos caras, coeso e fruto de anos na estrada fazendo seu próprio som, provando que os caras não estão pra brincadeira. Boa sorte aos caras!

Quer ouvir o som do Jawles no Trama Virtual?
http://www.tramavirtual.com.br/jawles

quarta-feira, julho 26, 2006

Dois cigarros = Cafe Bizarre: Foi um bom negócio

Eu estava na fila da Funhouse aqui em Sampa, conversando com meus amigos e saquei um Lucky Strike. Acendi e logo fui surpreendido:

- Cara, você pode descolar um cigarro pra mim? - pediu Julio
- Claro - eu disse sacando mais um cigarro
- Você pode arranjar um pro meu amigo Joe-Joe também? - perguntou Julio
- Peraí, deixa eu pegar outro aqui...

Quando entreguei os cigarros para eles dois, o Joe-Joe cantarolou um trecho da música Cigarettes da banda deles.

- Toma, esse é o show da nossa banda, aparece lá. - me disse Joe-Joe, entregando um flyer
- Valeu, vou ver se apareço. - eu disse checando o flyer

Eu não imaginava que poderia trocar dois cigarros por algo tão valioso. Embora eu não tivesse ido ao show deles, peguei o flyer e procurei o som deles na internet. E o primeiro som que ouvi foi Cigarettes. Depois ouvi Little Junk Monkey. E finalmente eu estava convencido que havia encontrado uma grande banda.

O som dos caras, como eles sempre frisam é influenciado pelo punk rock e o glam rock de NY e Detroit dos anos 70. Guitarra de Júlio Abbud é sólida e remoe seus ossos por dentro com o mais puro rock'n'roll. Riffs descontrolados acompanham todas as músicas. O baixo frenético de Tattu e a bateria arrasadora e envolvente de Ras complementam a viagem sonora. A voz escandalosa de Joe-Joe te remete aos tempos CBGB e cia e te faz acreditar por alguns minutos que a geração maluca de 77 não se foi.

As letras falam sobre mulheres, bebidas, cigarros, drogas, evocando as antigas premissas punks para fazer um bom rock. E não pense que os caras são esses "punks de botique", eu posso dizer pra vocês: os caras são malucos mesmo. Talvez seja esse o motivo para sentir tanta intensidade no som deles, afinal, vida intensa, som intenso.

Segue aqui o link pra página deles no TramaVirtual e Myspace.
http://www.tramavirtual.com.br/artista.jsp?id=31570
http://www.myspace.com/cafebizarre

sábado, julho 15, 2006

Figurines – a grande promessa

Se eu fosse indicar alguma promessa entre as trilhões de bandas que aparecem diariamente no cenário do rock, eu não hesitaria em apontar os Figurines como o grande causador de expectativas em minha cabeça.

Esse dinamarqueses têm um som muito parecido com o do Built to Spill, que diga-se de passagem, é uma grande banda. Uma leve influência do Lo-Fi americano, estilo Pavement (preciso dizer que é uma grande banda?). O vocalista Christian Hjelm é algo do tipo Isaac Brook do Modest Mouse, só que numa versão nórdica. É um som inteligente, com boas letras, e contém algumas pérolas como a primeira do disco, Race You, que tem um piano muito bem trabalhado e lembra as canções da Cat Power. The Wonder conta com guitarras empolgantes, e empolgação essa que é espalhada por toda pista onde ela é executada. Vale a pena citar o clipe desta mesma música, algo excêntrico cheio de gente com máscaras, rosas saindo de umbigos, uma mulher patinando num corredor, enfim, se você curte um clipe malucão, não vai se decepcionar com esse. Pra encontrá-lo, é só procurá-lo no YouTube.

Se você curte um sonzinho relaxante, com guitarras mais leves, ouça I Remember. Essa é uma daquelas músicas que todo mundo vem te perguntar quando você a coloca no seu set-list de discotecagem. Pelo menos no meu caso, enquanto eu a discotecava, várias pessoas se aproximaram pra perguntar que banda tocava a tal música. Há uma perfeita sincronia entre baixo, guitarra e bateria e não se impressione se você se sentir impulsionado à apertar a tecla ‘repeat’ do seu som. E vejam só: os dinamarqueses buscam até no folk-country estilo The Thrills, a inspiração pra música Back in the Day, que te faz pensar que está no sul dos Estados Unidos, lá pelo lado do rio Mississipi, pescando e pensando em como a vida é boa (quem leu o livro On The Road do Jack Keuroac vai me entender).

Os Figurines é uma das poucas bandas que considero “intocável” nessa safra da presente década. Seis anos se passaram e de lá pra cá muita coisa apareceu e pouca coisa convenceu. Se você procura um novo som, diferente dessa bagunça que o indie-rock vem causando com sua mesmice de acordes e letras, pode ter certeza que encontrará nesses caras vários motivos pra acreditar que o rock pode se renovar por séculos e séculos.

Pra facilitar, por que não colocar o clipe aqui no blog? Pelos deuses, vocês vão curtir esse clipe!
The Wonder - Figurines