sexta-feira, abril 14, 2006

Guided by Voices: um pequeno resumo

Usei o texto do allmusic.com com texto base para esse pequeno resumo. Tenho certeza que faltam muitas coisas, mas não podia deixar de postar algo sobre minha banda do coração.

Inpirado igualmente pelo jangle pop e o post-punk, o Guided by Voices fez um indie rock contagiante, que fazia a gente se sentir em algum lugar entre a invasão britânica e o rock progressivo.

Depois de gravarem 6 álbuns lançados por eles mesmos, a banda de Dayton, Ohio, atraiu uma grande quantidade de fãs do underground indie americano.
Professor, Robert Pollard formou o Guided by Voices no começo dos anos 80. Em toda história do grupo, Pollard foi figura central, escrevendo a maioria das músicas e liderando em todas as fases do Guided by Voices. Durante os anos 80, Pollard foi frequentemente ajudado por Jim, seu irmão, que continuou escrevendo músicas mesmo depois de sua saída do GBV. O Guided by Voices ainda não era uma banda totalmente formada até a entrada do guitarrista Tobin Sprout eo baixista Dan Toohey em 1985.

Um ano depois o GBV lançou seu primeiro EP - Forever Since Breakfast pela gravadora I Wanna Records.

Primeiro Álbum - Devil Between my Toes pela sua própria gravadora G Records em 1987. Meses depois lançou (ainda em 1987) o álbum Sandbox, pela gravadora Halo. Pela mesma gravadora, eles lançaram, em 1989, o álbum Self-Inflicted Aerial Nostalgia. Em 1990 lançaram Same Place the Fly Got Smashed, pela gravadora Rocket #9.

Durante a segunda metade dos anos 80, o Guided by Voices era um hobby. Raramente eles se apresentavam. Um grande número de músicos apareceram na banda durante os anos 80. Aproximadamente 40 músicos passram pelo Guided by Voices!

Em 1992, o GBV acrescentou Mitch Mitchell (guitarrista rítmico) e Kevin Fennel (baterista) em volta da gravação de Propeller, lançado em 1992, gravado pela Rockathon Records.
Em 1993, na garagem de Steve Wilbur, o GBV gravou o álbum Vampire on Titus. O mesmo Wilbur tocou guitarra e baixo nas músicas do álbum. Este álbum foi o primeiro à ser lançado bela gravadora indie de Cleveland, a Scat. Graças à isso, o Guided by Voices conseguiu fãs ilustres, como Kim Deal (do Pixies, Breeders) e Thurston Moore do Sonic Youth.

Em 1993 a banda começou a tocar ao vivo pela primeira vez em vários anos com Greg Demos substituindo Dan Toohey no baixo. Na primavera de 1994, a Scat entrou com uma distribuição nacional em acordo com a Matador Records. O primeiro álbum lançado sob esse acordo é o Bee Thousand. Incrivelmente, foi bem aceito pela crítica, recebendo grandes elogios das revistas Rolling Stones e Entertainment Weekly. Finalmente Pollard parou de ensinar na escola um pouco antes do lançamento do Bee Thousand. O GBV excurssionou muito com esse álbum, aparecendo várias vezes no Lollapalooza. O vídeo "I am Scientist" foi ao ar diversas vezes na MTV. Demos deixou a banda em 1994 para estudar Direito e foi substituido pelo jornalista musical Jim Greer. Através do lançamento de Alien Lanes em 1995, o grupo entrou de vez na Matador Records. O contrato com a Scat terminou com o lançamento de um box, com 5 discos, contendo os álbums antes do Propeller. O álbum Alien Lanes foi recebido com ótimas críticas e o GBV saiu para sua primeira grande turnê pelos EUA.

Jim Greer deixou a banda antes da gravação de Under the Bushes Under the Stars, que foi lançado na primavera de 1996. Pollard e Tobin Sprout, ambos lançaram trabalhos solo no MESMO DIA. As gravações foram rapidamente seguidas pelo lançamento de um EP um mês depois. Pollard e Sprout sumiram durante uma turnê extensa em 1996, causando assim, a demissão de Pollard do grupo.

No fim de 1996, Pollard gravou o Mag Earwhig! com apoio da banda punk de Cleveland chamada Cobra Verde. Em 1999 o Guided by Voices deixou a Matador para assinar contrato com a TVT Records, que emparelhou a banda com o produtor Ric Ocasek, com a esperança de dar ao álbum Do the Collapse um som mais amigável com o rádio. Pollard, entretanto, proporcionou aos fãs dos seus mais antigos trabalhos ouvir sons de seu período Lo-Fi com Suitcase: Failed Experiments and Trashed Aircraft, um box com 4 discos, apresentando 100 canções não lançadas no espaço de 25 anos. Enquanto o segundo álbum do GBV pela TVT Records, Isolation Drills, recebia fortes críticas com seu hard-rock, o GBV não expandiu sua base de fãs além de seu leal público "cult" e em 2002 o GBV voltou a Matador com o álbum Universal Truths and Cycles.

Em 2004, Pollard começava a anunciar aos seus fãs que iria terminar o GBV no fim desse mesmo ano. O último álbum da banda Half Smiles of the Decomposed, foi lançado em agosto e a turnê em cima desse álbum terminou no New Year's Eve show em Chicago. Pollard após romper com o Guided by Voices, assinou com Chapel Hill's Merge Records e anunciou planos para carreira solo em 2006.

Crítico de rock e formador da banda, Jim Greer lançou "Guided by Voices: A Brief Story: Twety-One Years of Hunting Accidents in the Forests of Rock and Roll. Existe ainda um box com materiais não lançados entitulado "Suitcase 2: American Superdream Wow. Não poderia deixar de citar que o álbum Propeller foi reeditado.

by Felipe Pipoko

Israel x Rock (não é texto anti-semita, babaca!)

Com toda essa ladainha de “salvação do rock”, tive que usar de meus conhecimentos no campo da religião e da história para fazer um pequeno paralelo.

O povo judeu, para quem não sabe, viveu anos gloriosos, onde esbanjava poder, riqueza e influência pelo mundo antigo. Grandes homens governaram o povo hebreu, com braço forte, sempre mantendo os inimigos à distância e impondo respeito. Homens como Moisés, Saul, Davi e Salomão foram marcantes em sua história. Moisés levou a lei. Saul iniciou a monarquia. Davi, governou e trouxe conquistas inimagináveis. Salomão trouxe o “glamour” para o trono hebreu, levando Israel ao auge de sua glória, quando reis e rainhas saiam de muito longe para conhecer esse que era o rei mais sábio de que se tinha notícia.

Passaram-se os anos, e os reis foram “perdendo a qualidade”, trazendo desgraças para o povo com sua ignorância e decisões erradas. A Babilônia veio e dominou Jerusalém, levando quase todo o povo cativo, para a própria Babilônia, talvez o momento mais deprê da história judaica (junto com o holocausto). Desde essa época os judeus cultivam a esperança na vinda de um novo Davi, ou Moisés, ou Salomão. O chamado MESSIAS. Os cristãos juram que esse cara era Jesus. Os judeus desmentem, afinal, que Messias mais “pé-de-chinelo”! Hoje em dia, o povo judeu (israelense) não tem do que reclamar. Seu país é forte, influente, venceu guerra contra todos os países árabes ao mesmo tempo. Tem um dos maiores e mais equipados exércitos do mundo. Tem a cidade de Jerusalém em suas terras (embora a ONU à considere uma cidade internacional). Hoje Israel vive grandes tempos. Precisaria Israel de um MESSIAS?

Baseado nessa aula de história judaica (quase um artigo de revista religiosa), te pergunto: ‘a mídia não está esperando um MESSIAS para o rock?’. Poxa, quantas vezes você não ouviu falar, ou leu sobre a expressão “salvação do rock”? Seria exagero traçar um paralelo entre a história judaica e o rock’n’roll? Pense bem: o rock’n’roll também viveu seus “anos dourados”. Elvis, o Moisés do rock (hahhahahaha eu tinha que rir disso), trouxe o conceito sobre o novo som, trouxe as influências necessárias, traduza conceito e influências como os dez mandamentos de Moisés. Pronto, o rock estava feito! Jerry L. Lewis, Chucky Berry, Boo Didley... poxa, estavam todos ali, fazendo ROCK! Aí chegaram os reis, Beatles, Rolling Stones (Davi e Salomão) e outros nomes do rock, compondo a monarquia. De repente chegam os anos 80! Muita gente pode considerar essa década a Babilônia do rock! A decadência, o cativeiro. Poucos se salvaram, como Joy Division, New Order, Smiths e alguns outros. Toques eletrônicos, batidas fortes... o “calvário” da guitarra (seja ela punk ou progressiva). De repente, (ilustrando os tempos de Israel de hoje) aparece o Nirvana! Esses carinhas de Seattle balançaram de fato o rock. Libertaram o rock (cito Nirvana devido à sua exposição na mídia)! O rock tomava novo fôlego, com Oasis, Blur entre outros titãs dos anos 90. E começam os anos 2000. Uma banda americana aparece em 2001 com o título de “A SALVAÇÃO DO ROCK”. Os Strokes! Trazendo nova concepção para o rock! Trazendo novas glórias! Novos tempos estão por vir. Seriam os Strokes o MESSIAS que o rock precisa? Opa! Pergunta errada: O rock precisa de um MESSIAS mesmo? Não! O rock foi eternizado desde os primórdios dos anos 50. Siga a lógica simples: o que é eterno, não morre (sim, tipo Highlander). As pessoas que precisam de salvação, são pessoas mortais. Ora, por que algo que é eterno iria precisar de algum tipo de salvação? Logicamente, não.

Da mesma forma que não há necessidade de um MESSIAS para os israelenses (os caras já são muito bons e poderosos), o rock é muito bom e poderoso pra carecer de um salvador. Os Strokes marcaram nossa década, sem dúvida. Mas não são a salvação, o MESSIAS do rock. Nem eles, nem Kings of Leon, Libertines, muito menos Arctic Monkeys. Muita calma, pessoal, muita calma nessa hora.

by Felipe Pipoko

quarta-feira, abril 12, 2006

Hype é o caralho!

Já não agüento mais ouvir essa palavra idiota que alguns brasileiros pseudo-intelectuais insistem em agrega-la ao nosso vocabulário: HYPE. Não vou buscar no dicionário o seu significado porque os dicionários mais moderninhos ainda não a consideram um substantivo popular, como por exemplo, o verbo “deletar”. Seja o que for, HYPE significa COOL e COOL é ser legal, descolado, estar na última moda.

Nos últimos tempos, bandas novas do cenário do rock tem sido taxadas de HYPE, criando uma classificação injusta. A verdade é que as pessoas que trabalham na mídia, em sua maioria, anseiam por uma banda que revolucionem o mundo musical, como os Beatles revolucionaram, como o Sex Pistols revolucionou, como o Nirvana revolucionou. A sede por algo que revolucione o rock novamente, trás uma ignorância gigantesca à tal ponto de inventarem uma expressão bem conhecida, iniciada com os Strokes: SALVAÇÃO DO ROCK. Caramba! Desde que os Strokes apareceram em 2001, já cansei de ver bandas que vieram pra “salvar o rock”. Poxa, julguem por si mesmos: o rock precisa de salvação mesmo? Ou ele está desgastado como qualquer outra arte, tipo, a moda. Costumo ouvir muito dos “tiozões old-schools”: - O que tinha que ser inventado no rock, já foi inventado. A partir de agora é só influência. Costumo concordar com eles. Veja que antigamente, os Beatles, Elvis, Rolling Stones tinham como influência outros estilos musicais, como o blues. Não existia um precursor rockeiro o qual eles admirassem. Hoje temos farto banco de influências nas últimas 5 décadas! O rock não precisa de salvação ou renovação. Ele precisa de sossego e de compreensão. Como toda arte, ele se desgasta inevitavelmente. O desespero é imenso, e as bandas novas que mostram alguma influência forte de outra banda revolucionária antiga, já são denominadas de HYPE. O som mais COOL do rock atual!! Palmas!

O Arctic Monkeys apareceu em 2005 e deu um susto na mídia especializada! Você costuma ouvir: “As vendas bateram recordes e mesmo assim eles disponibilizavam suas músicas para serem baixadas na internet! A banda com a cara da nova geração. Geração antenada, geração meio real, meio virtual. São garotos!! Nenhum deles tem mais de 19 anos! Uau! Incrível! Ouça o som deles! Tem um toque de The Clash, com batidas fortes!” – Concordo com tudo isso. Acho o som dos caras bem legal, se evoluírem mais, poxa, vão ser muito bons! Porém, por soarem com sua influência de punk rock antigo com algo eletrônico, já soam como a salvação que o rock precisava! O rock não precisa ser salvo, em hipótese alguma. A verdade é que temos o rock da nossa geração, com muitas bandas boas (se fosse citar todas, não escreveria artigo), e todas com suas influências, tocando para pessoas de seu tempo. Gostamos de ouvir The Clash, por exemplo, London Calling, mas não podemos desprezar uma banda que tem influências forte do mesmo Clash. É preciso saber separar. Se alguém inovou nessa nova geração, façamos justiça aos Strokes. Seja em som, visual e atitude. Não sou um fã dos Strokes, porém acho que eles iniciaram uma nova onda, não só nas bandas posteriores como na mídia em geral, que buscavam um novo Strokes.

Ao pessoal da mídia: hoje em dia, informação é rápida e inextinguível. Quando você menos percebe, algo novo aparece. O mundo da informação é rápido e descartável. A nossa geração é prejudicada por isso. A cada dia conhecemos uma nova banda. Minha cabeça vai um dia explodir de tanto conhecer bandas novas. A mídia, acostumada à essa rapidez, quer revoluções rápidas também. Quer revoluções por dia. Quer inovações por minuto. E dou uma dica de alguém que ama esse mundo do rock: respeitem esse senhor de mais de 50 anos chamado Rock’n’roll. O rock permanecerá o mesmo em sua essência, pra sempre. Não adiante querermos transportar nosso modo rápido de viver, o rock é devagar e eterno. Tem suas fases e ninguém mudará isso. Arctic Monkeys é muito bom, mas não é revolucionário, não é inovador. Tem boas influência, mas não é tudo isso que estão dizendo! Ouviu, senhor Lúcio Ribeiro?

by Felipe Pipoko

sexta-feira, abril 07, 2006

IndieWorm Radio - Alternative Rock

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quarta-feira, abril 05, 2006

Analisando - Sons and Daughters

Não sei se é impressão minha ou por ser fã do Belle & Sebastian, mas a Escócia vem revelando ótimas surpresas.

Uma das ultimas descobertas foi o SONS AND DAUGHTERS, formado por Adele Bethel (voz, guitarra e piano), David Gow (bateria e percussão), Ailidh Lennon (baixo, bandolim e piano) e Scott Paterson (voz e guitarra), sem fugir muito do trivial do "novo" rock moderninho essa banda se apresenta muito bem com instrumentos peculiares que tornam sua música agradável sem estuprar os ouvidos seguidos por vocais doces e melosos.

Há quem diga que o S&D será o novo FRANZ FERDINAND com músicas que grudam na mente sem chatear, ou seja, uma formula de sucesso.

Algumas casas de SP já tem em sua programação as músicas "Medicine" e "Taste The Last Girl".Devido a sua aparente influência FOLK, os fãs de Belle And Sebastian,White Stripes e Patti Smith Group com certeza vão encontrar algo de agradável nesta estréia.

Quem sabe logo logo não vemos isso por aqui?

by Zafa Pimentel

Analisando: Lemonheads - Come On Feel The Lemonheads

O Lemonheads tinha a faca e o queijo na mão hora de lançar "Come On Feel The Lemonheads". A banda vinha de um disco de sucesso bem recebido pela crítica, com vendagem em alta, amplos espaços na mídia (se pelos motivos certos já é outra questão) e, principalmente, um punhado de grandes canções novas. Era só fazer a bolacha e partir pro abraço, mas a banda de Evan Dando bagunçou tudo.
O que era para ser uma consagração, com a conquista de um espaço definitivo acabou se revelando uma decepção, num baque que o Lemonheads nunca se recuperou completamente até o fim dos seus dias. Se muita gente até hoje não leva a música de Evan Dando a sério, muito se deve a "Come On Feel The Lemonheads", e mais precisamente às atitudes de Evan na época. Isso significa que o disco é um desastre? Não, até longe disso, as grandes canções estão lá. Mas simplesmente o disco não funciona como um todo, com uma série de momentos dispensáveis e idéias mal-acabadas. Isso se revela de forma mais gritante a partir da segunda metade do disco, que exige uma boa dose de paciência do ouvinte.


"Come On Feel" começa muito bem, com uma seqüência de boas músicas. Os semi-hits estão todos no início, o pop rock certeiro de "The Great Big NO" e a singela "Into Your Arms".

A balada "It's About Time", já testada e aprovada na estrada bem antes de entrar no disco e a veloz mas não furiosa "Down About It" são outros dois grandes momentos. "Paid To Smile" tem belos versos, mas o refrão não segura e o final é meio entediante. Como várias faixas do disco, conta com a participação do vocal meigo de Juliana Hatfield, que foi um diferencial no álbum anterior do Lemonheads, mas em "Come On Feel" traz alguns momentos duvidosos.
"Big Gay Heart" é uma balada ao violão com guitarra steel. Foi até lançada como single, embora a temática restritiva da letra. A música é boa e o trecho "Do you have to try to piss me off 'cause I'm easy to pleeeeeease" culminando com a quebrada na bateria é especialmente marcante, mas o refrão é uma martelada, quase uma lavagem cerebral. Repete "big gay heart" em versinhos tolos nada menos que dezesseis vezes. Um pouco demais não?

"Style" é a música mais queima-filme do disco, falando abertamente do uso de drogas do vocalista. "Don't wanna get stoned / but I'm not wanna not get stoned" dá a idéia de como andava a relação de Evan Dando as drogas na época. Aliás, em cada um dos três últimos discos do Lemonheads há uma música sobre drogas. Enquanto a primeira, "My Drug Buddy" era uma verdadeira declaração de amor, "Losing Your Mind" (de Car Button Cloth, de 1996) foi o último capítulo, gravado direto do fundo do poço. A entorpecida "Style" está no meio do caminho. Revela o impasse na letra que não sai do lugar. (=prisão?)

"Rest Assured" é mais um rock, não tão bacana quanto "Down About It", mas dá o seu recado. A divertida "Dawn Can't Decide" cruza a fronteira entre a boa-intenção de soar espontâneo e o feito "nas coxas", com letra improvisada e um tanto sem sentido, soando descartável. "I'll Do It Anyway" é daquelas canções meiguinhas de Evan Dando. No refrão, Evan divide os vocais com Juliana Hatfield numa linha bem Leno & Lilian, Luan & Vanessa ou algo que o valha. Pareceu caricato, forçado.

O disco perde o pique de vez com a repetição de "Syle", rebatizada como "Rick James Style" em uma versão chatíssima em câmera lenta, que conta com a participação de (adivinhou?) Rick James. James foi músico funk de muito sucesso nos EUA durante os anos 70/80 mas enfrentou problemas judiciais por uso de drogas que interromperam sua carreira por diversas vezes. Infelizmente, a participação dele no disco do Lemonheads pesa apenas como curiosidade e pouco contribui para evitar o skip para a próxima faixa.

De qualquer forma seria difícil levantar o disco depois da segunda "Style" e a tarefa coube a simpática "Being Around". De letra bobinha e engraçada, talvez "Being Around" funcionasse bem em outro contexto mas aqui soa dispensável. Dá a impressão de fórmula gasta, é mais uma canção leve de violão com guitarra steel acompanhando. Na seqüência, mais violão (sem a guitarra desta vez) surge com "Favourite T", a balada mais delicada e emocionada do disco, com Evan cantando baixinho próximo ao microfone. "Favourite T" é mais uma prova de como Evan Dando não levou a sério esse disco, a letra é uma verdadeira ode a sua... camiseta favorita.

"You Can't Take It With You" é o último lampejo do disco, com um arranjo interessante de guitarra e uma melodia verdadeiramente boa. Até que desacelera, engasga e entre risos Evan Dando manda ver um encerramento com uma letra de auto-ajuda sarcástica de gosto duvidoso. Não teve graça, Evan.
Acabou? Ah, sim. Ainda temos "The Jello Fund", com seus 15 minutos de duração de tédio entre brincadeiras ao piano, pitadas de hard rock e barulhinhos de estúdio.

É difícil não ouvir Come On Feel sem ficar com a impressão de algo incompleto, mal-acabado. Poderia ter sido um grande disco mas ficou no meio do caminho, e no final das contas é apenas um punhado boas músicas perdidas no meio da bagunça que se tornou a carreira do Lemonheads na época.

by Limão Covizze