quarta-feira, abril 18, 2007

((Rapidinhas)) - Stooges (Weirdness) -> Arctic Monkeys (Favourite Worst Nightmare) -> Fratellis (Costello Music)


Vamos começar pelo Fratellis. Um trio escocês, formado em 2005 que traz à nossa década o britpop. Britpop que lembra mais o Blur, um dos seus inventores (junto ao Oasis) e maiores expoentes. No disco você nota que a musicalidade aliada à ótima execução dos instrumentos cria um ambiente extremamente dançante, sim, o som deles é muito bom pra discotecar numa pista. É bom ficar de olho, o primeiro disco deles é uma boa surpresa pra quem acha que o Reino Unido só sabe lançar imitações baratas dos anos 80. Músicas de destaque? Ouça o disco inteiro, você vai gostar. Só vou deixar uma luz: ouça a faixa 5, Chelsea Dagger.

O Arctic Monkeys criou uma expectativa gigantesca em torno de seu novo disco. Expectativa que já não era vista há muito tempo. Posso dizer que não foi de decepcionar. Favourite Worst Nightmare é mais pesado e mostra escancaradamente a intenção do quarteto em mostrar uma desprentensão quanto às expectativas e todo o hype atribuído a eles. O som deles soa mais maduro, porém sem perder a juventude e o lance de banda de garagem britânica. Vale a pena ouvir esse novo disco e compará-lo ao anterior e ver que houve uma boa evolução. Vou indicar uma ótima música, onde a guitarra e a bateria se juntam nos trazendo uma ótima canção: If You Were There, Beware. O bom de tudo isso é que todo aquele hype idiota caiu fora e finalmente podemos ouvir um som sem as máscaras que todos criavam.

Os Stooges não necessitam de apresentação. Ouví muito o The Weirdness (já haviam algumas apresentações ao vivo das músicas novas disponíveis) e já esperava algo bem foda, ainda mais quando soube que Steve Albini, gênio do underground americano, líder de bandas como Big Black, Rapeman e Shellac, iria produzir o disco dos caras. Foi uma combinação explosiva, afinal, a bateria e a guitarra dos irmãos Ashton e o indiscutível carisma e poder de voz de Iggy Pop, quando estiveram juntos uma vez em meados do fim dos anos 60 e início dos anos 70, mudaram os caminhos do rock. Nossa geração pôde ver shows desta banda reunida e finalmente somos brindados com um disco, novinho em folha. A Rolling Stone deu a verdadeira definição deste disco: parece com faixas perdidas. O som deles soa velho, como deve ser. Minha namorada perguntou se o som que ela estava ouvindo era da época antiga dos Stooges. Realmente Steve Albini fez um trabalho genial, exibindo a crueza da guitarra, que era típica dos Stooges, com bateria distante e próxima ao mesmo tempo (entendam do jeito que quiserem). Prestem atenção: lembram daquele sax maluco que estava em Funhouse? Então, o responsável era Steve Mackay. O mesmo cara está junto à banda em solos vicerais como podemos ouvir em Passing Cloud e I'm Fried. Está muito foda, como se fosse uma mistura de toda a carreira deles num novo disco. Ouçam ATM, que traz aqueles riffs eternos de Ron Ashton de volta às nossas cabeças. Outros destaques: Idea of Fun, Mexican Guy e The Weirdness (a mais calma de todas).

by Felipe Pipoko

segunda-feira, abril 02, 2007

Menomena: criatividade, experiência e uma pitada de loucura

Como sempre, ouvindo a KEXP, estava eu relaxando. A sequência de sons estava muito boa, estava lendo alguns artigos quando um som me desconcentrou e tomou nas mãos a minha atenção e a jogou dentro de si. No momento nem lembrei de anotar a música e a banda que estava tocando. Eu estava concentrado demais nos acordes poderosos da canção e na suavidade do piano. Quando parei de viajar, cliquei na lista da programação e vi o nome mais estranho, ou melhor, mais incompreensível que uma banda poderia ter: Menomena. Fui buscar algumas referências sobre a banda, busquei conhecer os trabalhos lançados pelos caras. Bem, como na música, mesmo pra quem curte escrever sobre música, o que interessa é ouvir, baixei tudo que podia do trabalho dos caras.

Se você juntasse três músicos, onde cada um sabe tocar uma infinidade de instrumentos, o que você imagina que resultaria? Não imagine. Ouça. Ouça o som do Menomena. Foda-se se eu estou lhe intimando a ouví-los. O som que os caras fazem, lhe impulsiona a correr e compartilhá-lo com quem você conhece. São três músicos quem sabem de tudo um pouco: Brent Knopf na guitarra e teclados, Justin Harris no baixo, guitarra, sax barítono e sax alto e Danny Seim na percurssão. A banda ainda tem um trunfo exclusivo: eles utilizam um programa desenvolvido por Brent Knopf chamado Digital Looping Recorder, que os ajuda na composição das músicas, misturando diversos trechos tocados em cada intrumento (como um riff de guitarra) criando uma composição musical. Parece loucura? Não parece, é.

O primeiro disco deles chama-se I Am the Fun Blame Monster! e conta com uma capa bem simples, parecida com algum daqueles desenhos que fazíamos no caderno, em meio à uma aula entediante. Um pequeno monstro na parte superior à direita. Esqueça a capa, o som é muito foda. A primeira faixa Cough Coughing tem algo parecido com o som do Clinic. Bateria e baixo pausados, porém sincronizados te deixam atônito, principalmente quando você ouve com um fone de ouvido legal. Em seguida você começa a conhecer os traços multi-instrumentais do Menomena na faixa The Late Great Libido, onde o sax alto de Justin Harris suaviza o caos que a bateria tenta criar.

O último trabalho deles, o Friend and Foe, segue a mesma linha. Logo de início, a faixa Muscle'n Flo demonstra a perícia de Danny Seim na bateria, com muitos ataques e pausas. O baixo de Justin Harris vem constante, trazendo um pano grosso de fundo para a canção. Brent Knopf contribui com sua voz que se ajusta ao clima criado na canção e suas habilidades com o teclado. A voz de Knopf em alguns momentos em que alcança o auge, lembra Tunde Adebimpe, vocalista do Tv on the Radio. Aliás, não deixe de associar essas duas bandas, elas têm muito em comum. As faixas continuam empolgando, trazendo novas experiências com o dinamismo do trio. A faixa Boyskouts Sweetboyskouts foi a que mais me chamou atenção. O seu início lembra aquelas canções infantis entoadas com assovios. O sax barítono (que Justin Harris toca muito bem) que preenche a canção mistura-se com a bateria e o baixo e faz lembrar do Morphine. Claro que essa comparação é mais pro lado da composição instrumental que para o som que sai dessa mistura. Na metade da música você já está de olhos fechados tentando captar o som do teclado (que é constante ao fundo), do baixo, bateria e claro, o sax que tempera tudo isso. Ah! É bom lembrar que ao chegar no refrão, aqueles assovios do início, acompanham a harmonia do vocal, fazendo de toda essa mistureba uma ótima sensação de ritmo.

Prometi à mim mesmo que não iria mais fazer artigo sobre uma banda e acabar analisando o disco inteiro. Por isso, acho mais legal comentar somente sobre essas duas faixas, e lhe deixar curioso para baixar outros trabalhos deles. Tem muita qualidade e demonstra uma coragem que muitas bandas não têm, coragem ao desbravar novos territórios utilizando os bons e velhos instrumentos. Muita gente já colocou sax no rock, mas o som do Menomena não se limita aos parâmetros do jazz-rock ou da influência que esse mesmo exerceu sobre o rock. Ouça e comprove o que estou escrevendo.

Tá com preguiça de baixar o som deles? Ouça um trecho de Cough Coughing ao vivo (preste atenção no batera):

http://www.youtube.com/watch?v=pIqI8hg5xDU

by Felipe Pipoko