segunda-feira, outubro 16, 2006

Um pouco de Plato Divorak

Há quem diga que Porto Alegre respira rock e é um bom mercado de "novos e usados" na música, mas há quem diga também que aqui tem muito regionalismo e pessoas com cabeça fechada. Eu, no entanto, acredito que há algum tempo deixamos o regionalismo um pouquinho de lado e abrimos nossas mentes mais um pouco. E é impossível falar da cena musical porto-alegrense sem falar do ilustre Plato Divorak. Bastante conhecido no meio artístico da capital, Plato já trocou figurinhas na noite com muitos músicos que fazem a cena porto-alegrense ou que estão de passagem por aqui. Sua sonoridade rebusca a década de sessenta, sempre abusando da psicodelia, principalmente em suas letras. Uma personalidade incrível.
Leia a seguir uma breve entrevista falando um pouco sobre sua carreira, influências e seu novo projeto "Plato Divorak & Clepsidra":

Mary: Plato, fale um pouco sobre o início da tua carreira.

Plato: Adolescência marcada por psicodélicos como The Doors, Syd Barrett, Yes; morteiros como Velvet Underground, Stooges, O Terço, jovem guarda, vanguarda paulistana, direcionando a atenção para a primeiras formações elétricas no interior, no caso a cidade de Novo Hamburgo, com poesia beatnick, musas como Siomara, Simone e Michelle; iguais a mim na forma de pensar e a minha postura quase profissional de cantar.


Mary: Dê um top 5 dos melhores artistas de todos os tempos.

Plato: 1 - Arthur Lee
2 - Iggy Pop
3 - David Bowie
4 - Brian Wilson
5 - Arnaldo Baptista


Mary: Qual foi o melhor lugar que tu já tocou?

Plato: Salvador, em show solo com muitas pessoas observando, o lugar parecia um aquário, eu tinha lá amigos como o pessoal do Brincando de Deus, da Inkoma (não comi a Pitty) e lisergia (os caras me deram ácido). Não lembro o nome do lugar, uma espécie de neblina verde entorpecia o ambiente. Foi um show no fim de tarde.

Mary: E qual o palco dos teus sonhos?

Plato: Ele tem que ser espelhado e giratório, eu estou tocando a minha guitarra sobre um almofadão de cetim, o corpo de mulher belicosas está sobre a minha frente, uma lado a lado, verdadeiras odaliscas de sonho e um negão está no canto sentado na posição de lótus com um enorme pau na mão, pronto para bater na mulherada. É um palco psicodélico à la Pink Floyd 67.


Mary: E esse projeto com a banda Clepsidra, como está sendo?

Plato: O mais excelente possível. Estamos lançando um single pelo selo senhor f, ele contém três músicas. "Úrsula", "A Dança Do Exciter" e a experimental "Beatlesqueology". Estamos constantemente reinventando a nossa própria música, mesmo tendo apenas um ano e meio de estrada. As influências são Pop Art, Soul Music, Rock´n´roll underground, delinquência juvenil, frascos de HQ, cinema udigrudi, poesia agressiva e toda a forma de psicodelismo. Já tocamos em Sampa, Floripa, Curitiba e queremos chegar a um número maior de pessoas, pois somos o MC5 de nossa geração!


Mary: O que tu acha que está faltando atualmente na cena rock gaúcha?

Plato: Talvez visceralidade. Qualquer garoto rasga a blusinha para se tornar um grunge-man. E por muitos caminhos que estas voltas dêem, ele não conseguirá a arma secreta X do rock´n´roll. Falta muito. 70% é puro lixo, sem alma, organização e culhões.


Mary: Conte-nos sobre os planos para 2007.

Plato: Estou lançando meu terceiro disco solo chamado Besta Luminosa pelo selo paulistano Peligro Discos com material inédito, com direito a covers de Pink Floyd e De Falla. Músicos do calibre de Metamorfose, Astronauta Pinguim, Edu K, Analógicos, estão ali tocando músicas comigo, jams e hits, de forma livre. São músicas desde 1997 até 2002. Quero divulgar este disco para muitos lugares. Espero lançar também o disco da Clepsidra com distribuição nacional.

by Mary Farias