sexta-feira, março 31, 2006

Analisando: Mudhoney - Here Comes Sickness

Antes de iniciar a review deste álbum de uma das mais (melhor eu frisar isto), umas das MAIS IMPORTANTES bandas de todos os tempos (não, não é exagero), devo explicar uma coisa: eu preferiria estar escrevendo sobre álbuns essenciais e excelentes, tais quais "Superfuzz Bigmuff", "Every Good Boy deserves Fudge" ou "Tomorrow Hits Today".

Mas, infelizmente, nós brasileiros não podemos encontrar um desses álbuns em lojas e, quando acontece de aparecer, vieram direto dos EUA e todos devem saber que a nossa moeda está tão ruim quanto o gosto musical dos cariocas neste carnaval. Resumindo: se você é um fã do Mudhoney e não é rico ou disposto a vender as suas próprias roupas para comprar os CDs (pedir emprestado? alugar? eu ainda estou falando do Mudhoney, quem tem CDs do Mudhoney?!), é bom olhar melhor para este ao vivo ou para a coletânea March To Fuzz...
Críticas às gravadoras à parte, este álbum, "Here Comes Sickness", lançado em 2000, tenta fazer uma retrospectiva da carreira da banda, com três shows, um de 89 e outros dois de 95. Bom, este já é o primeiro problema, pois 17 das 21 músicas deste álbum foram tiradas da turnê de "My Brother the Cow", de 95, daí o fato da maioria delas saírem deste álbum. Não que isto seja ruim, porém faltaram algumas músicas essenciais, como "Blinding Sun", "Sweet Young Thing (Ain’t Sweet No More)", "Good Enough".

Bom, após tantas críticas é melhor falar de tudo o que este álbum oferece: primeiramente, deve-se ressaltar que o Mudhoney é uma grande banda ao vivo, espero que todos que estejam lendo esta review tenham tido a oportunidade de ir ao show da turnê do Mudhoney ao Brasil e não tenham desperdiçado. Falando do ponto de vista de alguém que pôde ir tanto ao Rock In Rio quanto à apresentação do Mudhoney no Rio, as três horas de espera para ver uma hora e meia de show colocam R.E.M., Silverchair, Foo Fighters e Neil Young no chinelo...

Voltando ao álbum, hits como "Suck You Dry", "Touch Me I’m Sick" e "Judgement, Rage, Retribution and Thyme" com certeza te darão um calafrio na espinha, enquanto que as outras são empolgantes, muito bem escolhidas para serem tocadas ao vivo, como a b-side "Editions of You", a instrumental "Fuzzgun 91", o clássico "You Got It", e a que aparece duas vezes, "Poison Water Poisons the Mind". Não se pode negar que Layne Staley e Chris Cornell são os maiores vocalistas de Seattle, no entanto, quando Mark Arm canta, ele é capaz de transformar qualquer música numa pérola, como você pode conferir escutando as baladas sinistras "If I Think", "Dissolve" (que começa com Mark Arm: "watch me now"), "In My Finest Suit" e "When Tomorrow Hits", responsáveis pelos melhores momentos deste álbum. Também são destaques absolutos a música que dá nome ao disco e o abre, "Here Comes Sickness", "You Make Me Die" (com seus um minuto e meio de música - quando Mark Arm canta "think you’re the best, you make me die", você deverá repensar seus conceitos sobre o que é ser o melhor vocalista), "Into Yer Schtik" e, finalmente, a cover dos Dick e que sempre fecha os shows do Mudhoney, "Hate the Police", que tem Mark Arm gritando à plenos pulmões (segundo o próprio, "esta música não é nossa, mas a gente gostaria que fosse").

Enfim, este é um daqueles poucos casos em que você escuta 21 músicas direto e pergunta: "já acabou?" Pensando melhor, vá agora mesmo atrás de todos os outros álbuns desta que é umas das grandes bandas da última década. Afinal, você não precisa de tantas roupas assim...

by Limão Covizze

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