quinta-feira, dezembro 06, 2007

Listas de Revistas - Acreditar ou não?

Com certeza você já abriu uma revista, folheou-a, e se atentou à uma matéria que estampava em letras garrafais: OS MELHORES DISCOS DA HISTÓRIA ou OS MELHORES DISCOS DO ANO ou algo semelhante. Você com certeza, olhou de cabo a rabo, visualizou umas 5 bandas que tiveram um lugar justo e só. Sim, justiça é o que menos se vê numa lista de revista. NME, Rolling Stone, Mojo, Q, Uncut entre outras sempre conseguem de forma incrível, dar uma mancada incrível. Tudo bem, não precisa falar, eu sei que isso é uma questão relativa, que opinião é como cu, todo mundo tem o seu. Mas numa lista de revista deve-se primar pelo bom senso, baseado num conhecimento aguçado de música, afinal, quem trabalha nessas revistas DEVE saber sobre música, associar influências, diferenciar um disco do outro e todo o roteiro de quem se arrisca a escrever sobre música. Mas ao passar dos anos, não há resquícios de bom senso na imprensa musical, graças a lançamentos de 'pesquisas' muito parciais, sem lógica e explicação. O que eu acho mais engraçado é o modo que eles atribuem credibilidade total à uma pesquisa entre leitores. Um exemplo que não é da música. A FIFA fez uma pesquisa em seu site, entre os internautas, para saber quem é o melhor jogador de todos os tempos. Por mais que tenha gente que ache o Maradona melhor que Pelé, é indiscutível a supremacia do brasileiro nas opiniões pelo mundo todo. Mas o Maradona ganhou. Por que? Ora, os Argentinos lotaram a internet, travaram o servidor da FIFA com tantas visitas e votos. Democrática, não? Muita gente que tem sua opinião não pôde votar, e ficou nisso. Claro que existe o fator da rivalidade Brasil x Argentina, é uma questão quase diplomática. Mas é um exemplo do sistema pífio que a FIFA escolheu (e que muitas revistas insistem).

Outro erro bastante comum é entregar nas mãos de apenas um crítico a missão de compilar uma lista. Lembro que em 2004, eu havia comprado a Playboy da Juliana Paes e eu não sabia se olhava pra bunda dela ou pra lista dos cem melhores discos do rock pela história. Enquanto me deliciava com as curvas da Juliana, me horrorizava com a parcialidade do Thales Menezes. Fã do Clash, ele colocou todos os discos da banda na lista, não relacionou por exemplo Rush (reclamação dos leitores) ou Radiohead (minha reclamação). Colocou o Sgt. Peppers em terceiro, em segundo lugar, pamem, Beggar's Banquet dos Rolling Stones (eles têm discos melhores) em segundo e em primeiro, obviamente colocou London Calling do Clash. Santo deus, o Clash é foda, o London Calling é um dos discos da minha vida, mas ficou ridículo como ele puxou o saco, como nem se esforçou para camuflar a tietagem descontrolada dele (semelhante ao amador do Lúcio Ribeiro que ao escrever sobre música, parece uma fã dos Beatles, lunática, estérica). Não houve nenhuma satisfação sobre os critérios que ele tomou, ele apenas foi arremessando discos pra ver no que dava. Se deu mal. Na edição posterior, havia gente xingado ele de burro, desmiolado, desinformado, moleque entre outras coisas. Gostei muito.

O esquema ideal é juntar um grupo de críticos, solicitar uma lista pessoal de cada um e depois, ligar as listas entre si e ver quais bandas coincidem nas melhores posições de todas as listas. É só somar a pontuação do artista, levando em conta notas decrescentes - por exemplo, numa lista de 50 discos, o 1º de uma lista ganha 50 pontos, o 2º ganha 49 e assim sucessivamente até que o 50º ganhe apenas um ponto. Não é complicado. Aí sim, há um sistema confiável entre um pleito especializado, que conhece da história e anda antenado com a atualidade.

Um dos exemplos mais recentes que posso citar é o da NME, revista renomada da Inglaterra, é uma referência principalmente quando o assunto é rock. De repente eles têm uma mirabolante idéia: fazer uma pesquisa com dois mil leitores pra saber quem foi o melhor rock star da história. O desastre era iminente e o resultado da pesquisa exibiu a catástrofe: primeiro lugar na lista de maiores rockstars da história ficou Kurt Cobain e em segundo (!) Pete Doherty! Você pode gostar de Libertines ou Babyshambles, pode até rir com a desgraça contínua que é a vida desse pobre diabo. Mas Pete Doherty não devia estar nem entre os cem maiores, que diria estar no segundo posto! E aí fica a questão: será que a NME está tão segura de sua credibilidade, de seu nome a ponto de lançar um embuste desse? Se eu fosse editor da revista, ao ver o resultado, vetaria na lata!

- Mas sr. Felipe, os internautas votaram, querem saber quem ganhou!
- Foda-se, veta essa bosta, Smith! Sabe o que está em jogo? A marca NME! Poe uma nota no site e pronto!
- Sim, senhor. Mas...
- Smith, vai pegar um café pra mim, vai...

Mas os editores hoje querem vender e foda-se a confiança. Tudo bem. É um erro (leia-se cagada) em meio a muitos acertos. Estão perdoados.

Já a revista Blender se desvencilhou dos braços (ou mouses) dos internautas e juntou cinco especialistas para montar a lista dos cem melhores álbuns do rock alternativo. O Pavement ganhou com o clássico Slanted and Enchanted (dura batalha contra outro gigante que ficou em segundo, o Daydream Nation do Sonic Youth). Não vou dizer que concordei em tudo, até porque há um absurdo coberto de hype, ali no sexto lugar: Funeral do Arcade Fire. Antes que os indiezinhos de plantão me apedrejem, deixem que eu explane o porquê da minha revolta. Embora seja um álbum espetacular, aclamado por críticos, músicos lendários como Bowie entre outros, acho que um álbum precisa de um tempo num "barril de carvalho" pra se tornar um grande trabalho, que influencie novas bandas e artistas. Funeral poderia angariar o 30º lugar sem problemas, mas 6º? Nem a pau, Nicolau (sim, eu mudei). Me irritei com o Bee Thousand do Guided by Voices ficar apenas com o modesto 31º lugar, sendo que esse disco influênciou muitos dos sons que ficaram à frente dele e não é só questão de influência, é questão de inovação e qualidade. Ah! Radiohead e Beck ficaram de fora! Bem, deixem eu voltar pro assunto principal. Por mais que haja chiadeira com os resultados, eles serão menores, bem menores que uma lista lucioribeirista(baseada na tietagem frenética) de alguns milhares de leitores, que às vezes nem sabem que existe Sonic Youth e acha que U2 é indie.

Se eu for citar exemplos, faria o maior artigo da internet, uma tese. Mas o que importa é analisar e dar o devido crédito à pesquisa. Não se iluda porque a Rolling Stone disse que alguns discos merecem estar numa lista de 50 melhores. Nem sempre eles têm razão. Embora seja uma bagunça a lista de internautas, às vezes essas revistas juntam jornalistas, que parecem estar bêbados ao escrever (ou cheio de grana de gravadora nos bolsos), para montar listas ou escrever resenhas. Na verdade, a mensagem desse post é "não acredite em tudo que você lê". Se quiser, não acredite em mim também.

3 comentários:

Anônimo disse...

uhauah amor morri de rir !!!
mas é a plena verdade, os criticos colocam a sua opinião nas listas e não a opinião dos leitores...
bjus e t amo

Marcos Coelho disse...

Muito bem! Gostei muito do post, e é minha primeira vez poraqui xD Eh verdade realmente o q tu falou jah q em todas as revistas que eu li em que constava alguma lista de melhores bandas nunca estavam as "melhores mesmo" já que colocavam na lista só bandinhas da moda que o povo gosta mas logo esqueçe, bandas boas são bandas com tempo de estrada onde da pra se notar a evolução da banda e tals, essa eh a minha opinião, mas já me estendi d mais, parabéns pelo post e vlw por nos trazer algo útil =D

Débora disse...

eu não acredito no que vc escreveu
hahaha
zoando, adorei o post.
vc escreve mto bem.
;D