segunda-feira, abril 02, 2007

Menomena: criatividade, experiência e uma pitada de loucura

Como sempre, ouvindo a KEXP, estava eu relaxando. A sequência de sons estava muito boa, estava lendo alguns artigos quando um som me desconcentrou e tomou nas mãos a minha atenção e a jogou dentro de si. No momento nem lembrei de anotar a música e a banda que estava tocando. Eu estava concentrado demais nos acordes poderosos da canção e na suavidade do piano. Quando parei de viajar, cliquei na lista da programação e vi o nome mais estranho, ou melhor, mais incompreensível que uma banda poderia ter: Menomena. Fui buscar algumas referências sobre a banda, busquei conhecer os trabalhos lançados pelos caras. Bem, como na música, mesmo pra quem curte escrever sobre música, o que interessa é ouvir, baixei tudo que podia do trabalho dos caras.

Se você juntasse três músicos, onde cada um sabe tocar uma infinidade de instrumentos, o que você imagina que resultaria? Não imagine. Ouça. Ouça o som do Menomena. Foda-se se eu estou lhe intimando a ouví-los. O som que os caras fazem, lhe impulsiona a correr e compartilhá-lo com quem você conhece. São três músicos quem sabem de tudo um pouco: Brent Knopf na guitarra e teclados, Justin Harris no baixo, guitarra, sax barítono e sax alto e Danny Seim na percurssão. A banda ainda tem um trunfo exclusivo: eles utilizam um programa desenvolvido por Brent Knopf chamado Digital Looping Recorder, que os ajuda na composição das músicas, misturando diversos trechos tocados em cada intrumento (como um riff de guitarra) criando uma composição musical. Parece loucura? Não parece, é.

O primeiro disco deles chama-se I Am the Fun Blame Monster! e conta com uma capa bem simples, parecida com algum daqueles desenhos que fazíamos no caderno, em meio à uma aula entediante. Um pequeno monstro na parte superior à direita. Esqueça a capa, o som é muito foda. A primeira faixa Cough Coughing tem algo parecido com o som do Clinic. Bateria e baixo pausados, porém sincronizados te deixam atônito, principalmente quando você ouve com um fone de ouvido legal. Em seguida você começa a conhecer os traços multi-instrumentais do Menomena na faixa The Late Great Libido, onde o sax alto de Justin Harris suaviza o caos que a bateria tenta criar.

O último trabalho deles, o Friend and Foe, segue a mesma linha. Logo de início, a faixa Muscle'n Flo demonstra a perícia de Danny Seim na bateria, com muitos ataques e pausas. O baixo de Justin Harris vem constante, trazendo um pano grosso de fundo para a canção. Brent Knopf contribui com sua voz que se ajusta ao clima criado na canção e suas habilidades com o teclado. A voz de Knopf em alguns momentos em que alcança o auge, lembra Tunde Adebimpe, vocalista do Tv on the Radio. Aliás, não deixe de associar essas duas bandas, elas têm muito em comum. As faixas continuam empolgando, trazendo novas experiências com o dinamismo do trio. A faixa Boyskouts Sweetboyskouts foi a que mais me chamou atenção. O seu início lembra aquelas canções infantis entoadas com assovios. O sax barítono (que Justin Harris toca muito bem) que preenche a canção mistura-se com a bateria e o baixo e faz lembrar do Morphine. Claro que essa comparação é mais pro lado da composição instrumental que para o som que sai dessa mistura. Na metade da música você já está de olhos fechados tentando captar o som do teclado (que é constante ao fundo), do baixo, bateria e claro, o sax que tempera tudo isso. Ah! É bom lembrar que ao chegar no refrão, aqueles assovios do início, acompanham a harmonia do vocal, fazendo de toda essa mistureba uma ótima sensação de ritmo.

Prometi à mim mesmo que não iria mais fazer artigo sobre uma banda e acabar analisando o disco inteiro. Por isso, acho mais legal comentar somente sobre essas duas faixas, e lhe deixar curioso para baixar outros trabalhos deles. Tem muita qualidade e demonstra uma coragem que muitas bandas não têm, coragem ao desbravar novos territórios utilizando os bons e velhos instrumentos. Muita gente já colocou sax no rock, mas o som do Menomena não se limita aos parâmetros do jazz-rock ou da influência que esse mesmo exerceu sobre o rock. Ouça e comprove o que estou escrevendo.

Tá com preguiça de baixar o som deles? Ouça um trecho de Cough Coughing ao vivo (preste atenção no batera):

http://www.youtube.com/watch?v=pIqI8hg5xDU

by Felipe Pipoko

Um comentário:

m. disse...

vou ver/ouvir! me interessei :)