segunda-feira, julho 02, 2007

Cold War Kids: Letras e sons geniais

Já faz um tempo que ouço essa banda, mas coloquei uma nota no meu caderno de descobertas musicais: escrever sobre eles apenas quando ouvir o suficiente. Pra mim, o suficiente consiste em ouvir por dois meses, parar por um mês, ouvir novamente por mais um mês, parar de vez e sorrateiramente, colocar umas musiquinhas deles no iPod pra não esquecê-los. De repente, todo esse processo se torna o suficiente pra que eu tenha conhecido bem o som dos caras, ou pelo menos me sinta a vontade pra escrever sobre eles.


Essa banda, esses caras, são o Cold War Kids. Banda formada em Fullerton na Califórnia, é integrada pelo vocalista Nathan Willet, o baixista Matt Maust, o baterista Matt Aveiro e o guitarrista Jonnie Russel. Os caras se juntaram em 2004, mandando demos pra tudo que é canto possível. Lançaram o primeiro EP chamado Mulberry Street e causaram um estouro entre os blogueiros/rockeiros, que acharam neles um som diferente, bem elaborado e complexo em sua variações instrumentais. Tocaram no Loolapalooza em 2006 e assinaram contrato com a Downtown Records. No mesmo ano lançaram o disco Robbers & Cowards que na opinião deste que vos escreve, foi um dos melhores discos do ano, sem sombra de dúvida. Oras, se você procura um disco onde em uma parte, você pode dançar e em outra você pode refletir num dia cinzento de chuva, adote Robbers & Cowards pra te acompanhar nesses momentos. O disco conta com agitadas Hang me up to Dry e a Tell Me in the Morning, contam com baterias marcantes e instáveis, sem contar que as harmonias foram muito bem compostas. Na maioria das músicas, aquela meia-lua (típica do som dos Beatles) se faz presente. A guitarra goza de alguns solos imponentes, como o que você pode escutar no We Use to Vacation (melhor faixa do disco). Fora os solos, a guitarra faz muito bem o seu papel, muito bem encaixada em meio as harmonias. Não há nada de riffs grudentos ou grande complexidade na execução de trechos, a guitarra é simples, limpa e poderosa quando necessário. Já Nathan Willet além de ter uma ótima voz (você ouvindo o disco já imagina a presença de palco), toca muito bem o piano, que cá entre nós, é perfeito em todas as canções, pois dá um ar sombrio na primeira faixa We Use to Vacation, dá as cartas em Hospital Bed e dá o prenúncio do caos em God, Make up Your Mind (lo-fi estilo Cat Power).


O nível das letras é bem superior ao de muitas bandas similares, que embora tenham bom som, não passam de cabeças de vento. Eles não falam sobre guerras, brigas entre ocidente e oriente, russos contra americanos, e muito menos exaltam o comunismo como solução para a vida (muita gente pode pensar nisso ao ler o nome da banda). As letras são inteligentes, mostram a realidade de famílias e pais de família fracassados e arrasados pelo vício, ladrões fúteis, morte, contradições da vida. E quando letras geniais se juntam com um som rasgado, forte e bem elaborado, cheio de rastros de blues? Só pode dar em uma grande banda. Eu realmente espero muito que o novo disco não decepcione, como foi o caso do Bloc Party, que até lançou um bom segundo disco, mostrando novidades (ou novas tendências e objetivos), porém decepcionando a expectativa dos fãs. Longa vida ao Cold War Kids!


by Felipe Pipoko

Um comentário:

Anônimo disse...

caramba, gostei muito da música St. John... realmente eles são bons.